sábado, 23 de abril de 2011

Falta de qualificação profissional


BRASÍLIA - Pesquisa realizada em 400 escolas públicas em 13 capitais brasileiras mostra que o tradicional problema de falta de infraestrutura está sendo superado pela falta de preparo para lidar com as novas tecnologias. De maneira geral, as escolas agora possuem computadores, mas têm de enfrentar a falta de treinamento dos profissionais para melhorar o uso das máquinas, conclui levantamento da Fundação Victor Civita. Entre as instituições de ensino, 98%, por exemplo, tem computador e 83% acesso a internet com conexão banda larga. Mas em poucas escolas os equipamentos são utilizados de forma eficiente na melhoria da aprendizagem.

– A formação inicial não prepara os professores para isso. Você precisaria combinar a disponibilidade dos recursos com a melhor formação para que a tecnologia fique a serviço da aprendizagem dos conteúdos escolares – explica Ângela Danneman, diretora executiva da fundação e responsável pela pesquisa.

Entre os professores entrevistados, 74% diz que foi pouco ou nada preparado durante sua formação para utilizar o computador como ferramenta pedagógica. E mais da metade não participou de nenhum tipo de curso de atualização em tecnologias no último ano.


Outro dado negativo é que nas escolas os computadores costumam estar concentrados em áreas administrativas ou no laboratório de informática. Em apenas 4% delas há máquinas nas salas de aula.

– A média de alunos das escolas nas capitais brasileiras é de 1 mil. E a minoria delas têm mais do que 30 computadores, então ainda temos a necessidade de ampliar a infraestrutura – aponta a pesquisadora. Apenas 15% das escolas têm mais de 30 máquinas, 28% entre 21 e 30, 29% entre 11 e 20 e 28% têm de um a dez.

A especialista destaca que é importante que os professores dominem não só o uso de ferramentas, mas saibam como utilizá-las na transmissão de conteúdos de forma a motivar o aprendizado.

– Os jovens estão muito avançados no uso da internet, eles se comunicam em redes sociais, usam blogs, a escola precisa acompanhar isso. Mas precisa acompanhar fazendo o que é papel da escola, ou seja, na aprendizagem dos conteúdos – defende.

Desperdício

A pesquisa da Fundação Victor Civita revela, por exemplo, que os professores ainda dá preferência aos programas mais simples quando utilizam o computador com seus alunos. Para a metade dos entrevistados, o software mais utilizado é o de edição de texto, seguido por programas de visualização de mapas (48%) e editores de apresentação. Segundo o estudo, falta preparo aos docentes para inserir as novas tecnologias de forma eficiente dentro de sala de aula.

“A atividade mais realizada pelo professor com seus alunos é editar, digitar e copiar conteúdos”, aponta trecho do relatório da pesquisa.

Para o professor do Laboratório de Novas Tecnologias Aplicadas na Educação (Lantec) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Sérgio Amaral, o investimento feito pelos governos – federal, estaduais ou municipais – para equipar as escolas se tornam “uma estupidez” se não houver preparação dos professores para trabalhar com as tecnologias.

– Não adianta nada instrumentalizar. O computador já é uma realidade na escola, mas o problema fundamental é que o professor não utiliza o recurso como instrumento didático. É ínfimo o potencial que se está utilizando – critica o especialista. Segundo Amaral, a falta de preparo vem da base, tendo em vista que os próprios cursos de graduação não preparam os futuros educadores para a tarefa. E a maioria dos cursos oferecidos posteriormente, segundo ele, são “instrumentais”. – O que o professor precisa não é de um treinamento para dominar as tecnologias da informática. Mas para aprender como usar esses recursos, qual é a didática por trás?

Para Amaral, quando o recurso tecnológico é mal utilizado acaba sendo apenas um gerador de despesas e um fator de distanciamento entre professores e alunos.

– Um computador caro vira um retroprojetor. E essa subutilização tem impacto no aprendizado do aluno. A criança já tem contato com o mundo digital pelo celular, pelo vídeo game, nas lan houses. É preciso criar a aproximação desses sujeitos (professor e aluno). Caso contrário, o desinteresse e o distanciamento continuam sistêmicos – explica o professor.

O estudo aponta ainda que apenas 28% das escolas contam com um professor orientador de informática. Segundo Ângela Danneman, esse foi o modelo adotado pelos sistemas educacional brasileiro para introduzir e administrar as tecnologias nas escolas.

- O importante é garantir a formação de todos os professores, (o que vai) melhorar a utilização da tecnologia como ferramenta para a aprendizagem de todos os conteúdos – completos. (ABr)



Equipe Alpha UFRA                                                              
Postado por: Sérgio Luiz.

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